Sempre assumi sem receio a força dos meus desejos, meus impulsos inquietos, meu ciúme exagerado, minha possessividade. Nunca consegui mascarar uma mágoa, uma frustração... sempre revelei com altivez o meu amor e as minhas paixões. Apesar disso tudo, guardo segredos, sonhos contidos. Quando meus olhos enigmáticos observam alguém, eles conseguem mergulhar profundamente em suas almas, extraindo as melhores sensações que provocam alegria extasiada, riso sem freio, calor desmedido, sonhos acalentados, vida errante - um amante mórbido.
São sempre amores intensos, pegajosos, sem direito a ensaios. Todas as histórias vividas, algumas felizes, outras dolorosas foram sempre guardadas com muito zelo dentro do meu coração. Esse cuidado especial faz com que a minha alma possa navegar e dialogar com as almas de muitos desses amores.
Nesta salada mista de sentimentos habita também um tal orgulho feroz, que por sua vez impossibilita reencontros e perdões. Neste caso tudo se resume ao sentimento de saudade.
Os poetas afirmam que o tempo é sábio, cura feridas e que ele tudo resolve. Talvez eles tenham razão. Ontem, a data seria de festa, se ainda estivéssemos juntos. Cravava no calendário, exato três anos do nosso encontro de sonhos e fantasias. Naquela noite adormeci embebido pela profunda e infinita beleza do teu olhar, apostando na felicidade. Hoje, escrevo as sensações do nosso reencontro casual, com matizes de cinzas. Diferente dos outros reencontros preferi quebrar o silêncio. Pergunto-me se minha voz embargou quando disse as primeiras palavras, tentava falar de sonhos e conclui desejando de forma muita sincera a realização de tantos outros. O diálogo foi curto, inesperado e talvez por isso, estranho. Na verdade, nunca mais, seremos os mesmos!
Essa cena aparentemente caótica, talvez impulsiva e involuntária foi no entanto para mim, a realização de uma necessidade. Tempos polidos.
Dormi sozinho essa noite, isento só por hoje, dos sonhos de outrora. Dormi tranquilo e cada vez mais consciente de quem de fato Sou, dos desejos que alimento, dos amores possíveis, dos sonhos irrealizáveis, das vontades que me impulsionam, da felicidade que almejo, acredito e busco a cada instante que a vida generosamente me dá de presente.(HODIE)
Adentrou em sua casa juntamente com o despontar do sol que ainda muito cedo já brilhava de forma intensa assim como a noite outrora vivida. Tomara seu banho e o riso solto juntamente com a água corrente produziram efeitos sonoros harmônicos ecoando a felicidade. Pensara que em tempos modernos, onde o primeiro encontro sempre acaba na cama, restando simplesmente à plena satisfação do corpo através do sexo, já não existisse mais a magia, a sedução e o encanto que há no flerte. O prazer da última noite começara com o encanto das palavras, com os olhos que se entregavam e finalmente com beijos ardentes, cheiros intermináveis e abraços apertados. A madrugada de ruas vazias com poucos transeuntes configurou os espaços do encontro e as “redescobertas” daqueles que teimam em acreditar no destino e nunca perdem de vista o sentimento da esperança.
Assim como o poeta que confessa seus segredos através da poesia, o amante impetuoso embarcou entusiasmadamente no trem da última sexta, percorrendo em novos trilhos, apostando na felicidade. (Hodie)
Novas cores começaram a figurar os dias de setembro. Nossos encontros diários, ainda formais, me permitem navegar pelo teu corpo através dos meus olhos famintos e sedentos de desejo. Observo atentamente a curvatura do teu corpo, a beleza do teu sorriso e me transporto levemente para o calor do teu abraço ainda imaginário e sinto, numa felicidade puramente sensorial o teu perfume e a melodia da tua voz em tons de paixão e de entrega quando comungas o mesmo leito, o mesmo lençol e lá imprime o sabor do sexo. Pergunto-me se vale a pena nessa altura da minha vida habitar ao gosto de fantasias. Embora esteja tão perto, aprecie tua pele branca e suave, caminhe pausadamente pelas linhas do teu pescoço, cujo sugaria sem hesitação, tenho vivido até não sei quando o dilema da revelação. Venho nutrindo dessa forma, um amor platônico, saudoso e risonho! (HODIE)
Final de tarde em Teresina. O sol brilha com vitalidade em sua cena diária de adeus na bela margem dos encontros dos Rios Parnaíba e Poti no clima tropical predominante no centro-norte piauiense. Contemplo esse espetáculo da natureza e como sempre meu pensamento pulsa num processo recorrente de lembranças e reflexões. No rio, além do reflexo solar, os barcos de pesca transitam num movimento de vai e vem, um contraluz incrível que permite o anonimato dos personagens do cotidiano. Pedras configuram ainda este cenário carregado de magia e encanto. Os tons alaranjados no céu, o sol findo entre as rochas, a escuridão que se anuncia mesclam as cores que revelam a identidade de cada um dos rios. O encontro fusão é verificado pela diversidade, considerando que cada rio, assim o cada um de nós, traz uma característica única, um luz individual, uma cor transitória, mutável de acordo com as relações, seja social, afetiva ou profissional. O rio segue perene o seu percurso, encara barreiras, ultrapassa os mistérios profundos, pigmenta texturas e se encontra com outro rio, para juntos partirem em rumo dos mares.
Assim, somos todos nós, resultado dos encontros, e são tantos ao longo da caminhada. Encontro com o porteiro do condomínio, com o atendente na padaria, com a criança faminta que na rua insiste por um trocado, enfim... levaria páginas retratando tantos encontros, na verdade, meu desejo reside na ideia de pensar e refletir sobre as lições que cada encontro, tem a capacidade de ensinar. Ontem por exemplo, antes de dormir te encontrei no silêncio da noite, no sonho da madrugada, no telefonema de hoje cedo. Foi dessa forma que amenizei a saudade... No percurso do trabalho, encontrei as pessoas nas ruas, os carros parados nos sinais em vários sentidos e direções, certamente rumando para mais um dia em que obrigações serão executadas. Na lanchonete do trabalho ou da esquina, encontrei grupos e grupos partilhando instantes de suas vidas de forma metódica e imperceptível. E foi assim que surgiram questionamentos: Porque não perceber e extrair tudo que o encontro pode provocar? Porque as pessoas, os lugares, as sensações tantas vezes nos passam tão despercebidas?
Quando mirei a harmonia contínua dos rios, surgiu a necessidade de entender a essência e quão fundamental existe na partilha necessária do encontro e porque não, do reencontro! Seria sabedoria extrair sempre de cada instante vivido o fortalecimento que por natureza tem-se efetivamente no encontro de determinadas circunstâncias, e assim, torna-se forte, coeso, exatamente como acontece com os rios.
Minha memória, nunca traiçoeira, transporta-me para o mundo imagético de cada encontro que marcou de forma singular meu percurso de águas. Lembro-me de cada fusão, dos olhares, da ansiedade, do nervosismo quando a mistura sinalizava não só traços da personalidade no diálogo fluído, mas principalmente no encontro de carnes, em que mente e corpo comungavam um conceito unilateral.
O impacto e ao mesmo tempo a congregação dos rios, uma força imbatível constituída, metaforizou aquele nosso encontro, o mais recente, por isso talvez o mais marcante. Corpos antes segregados, que pela percepção dos rios, também se fundiram no propósito pactual do desejo, da vitalidade, da força e da esperança.
Agora já é noite, preciso de licença, hora de voltar para o calor da cama.(Hodie)
A segunda desperta como sempre: intensa e movida pela dinâmica ativa. É o mesmo barulho dos aviões, dos carros da cidade, do trâmite das pessoas que correm contra o tempo para assumirem seus postos de trabalho e seus afazeres, cumprindo um ritual diário do destino. Como sempre o relógio toca as 6:15 sinalizando o processo metódico do despertar, porém, diferentemente dos outros dias, resolvi aquietar-me um pouco mais para pensar na última tarde de domingo. No breve intervalo entre a cama e o banheiro, ouço próximo da janela ao lado, um pássaro cantar, sua musicalidade ecoa neste instante os odores do teu corpo que ainda estão impregnados na minha pele. Refiro-me a um bom dia suave e feliz onde a lembrança tácita me rouba um sorriso maroto. O sol firme invade a veneziana e o jogo de luz e sombras imprime na parede, cenas alternadas do nosso encontro de corpos, beijos e suor. Esse reencontro imaginário, revela o mesmo ato libidinoso de outrora, não foi um sexo fugaz, eu sei, teus lábios carnosos estavam recheados de enlevo, a tua língua degustava uma aliança de prazer, e naquele instante entre mim e você, uma cumplicidade de desejos. Agora sim, acordado para o dia encaro as pessoas com uma expressão estampada na cara de quem acredita que a vida ou o destino carrega uma mania absurda de nos provocar a esperança. Espero ver-te brevemente e até lá vou exalando sintomas de felicidade. (Hodie)
Cada dia que passa percebo a vida ou seria o destino trazendo a magia do novo, da possibilidade, do “aparente” inesperado...
E é assim que nem sempre a raiva, a dor e/ou a decepção têm longos reinados. O amanhã que é desconhecido, pode por vezes, ser antecipado e revelado logo na madrugada provocando assim, o reino do prazer e da à alegria. Permitam-me hoje, não citar a esperança, sempre recorrente na minha produção, mas o desejo, balizado pela vontade, pelo entusiasmo de provocar na vida ou para a vida o tremor sensorial da vaidade, da liberdade e do riso...
Estou sentindo, repensando ou simplesmente revivendo nessas palavras um feliz instante: o anúncio precoce desse amanhã.(Hodie)
Sejam leais para com tudo aquilo que alguma vez mereceu seu afeto, sua preocupação, seu interesse ou sua atenção, e guardem gratidão a tudo o que contribuiu para evitar-lhes um mal ou para fazer mais leve e feliz sua vida. (Carlos Bernardo González Pecotche)
Você chega e faz a festa. Não sobra um doce, um salgado sequer... queria te roubar um pouco mais, porém, você foge, você corre, você simplesmente some!
O tempo passa e por aqui a chuva não cessa. Já é maio. Não tínhamos acordado para abril? Agora restam palavras vazias, comunicação imperfeita, desejo retalhado.
Não quero assim, não pode ser assim. Muito a consumir ainda, porém, já gasto! Sem gosto, sem febre! (HODIE)
Sabia que você voltaria com o desespero de quem espera encontrar a casa com a mesma pintura e as crianças na mesma altura, me trazendo na mala o vestido que um dia tanto sonhei. Agora, cheirando a morfo, tecido velho... puído. (PULCRA)
A beleza do sentir figurado na palavra. O desejo, materializado na poesia. O destino tem lá seus mistérios... há saudade em tudo que está por vir, há saudade na projeção de uma lembrança, no encontro não vivido, há saudade na memória. Alguém já fazia parte da minha vida e era desconhecido, foi uma longa espera – uma espera feliz - e é assim que deve ser...
Quero a comunhão de grito e silêncio, imagem e poema, encontro e harmonia, desejo e saudade... Eu gosto de ficar a pensar no teu cheiro, no teu corpo, na suavidade da tua voz, no teu abraço e afago. Gosto do cheiro da chuva. Gosto do amanhecer e do entardecer. Gosto de afeto. Gosto de rir e brincar. Há gosto no chorar. Gosto de ler, de cantar, de viver. Gosto de presentes, dos livros. Gosto de tocar nos versos e sentir a textura das palavras... ah, como eu gosto de acolhida... como eu quero te acolher no meu peito, no meu leito...
Quero brincar de infinito, bailar na fantasia. Quero crer no eterno. Quero ter o sempre, o tempo, o valioso momento! Quero a magia do circo, o talento do artista. Quero o vento a soprar, o veleiro a navegar, o azul do mar. Quero a rede a balançar e neste movimento te encontrar. Quero a poesia, a loucura... Quero simplesmente amar - te amar – amor! (HODIE)
Era da informação. Artigos, textos e crônicas narram causas e efeitos do mundo virtual. Como toda grande revolução, vantagens e desvantagens configuram a vitrine que transformou o universo das relações, da tramitação de dados, da rapidez de processos. A crítica maior reside nos sites de relacionamento, como se as pessoas tivessem perdido a capacidade de se relacionar corpo a corpo e que nesse contexto estão cada vez mais carentes e solitárias.
È certo que o noticiário veicula tragédias tais como assassinato, estupro, casos de pedofilia, dentre outros, cujas raízes se deram no universo virtual gerando reflexão no telespectador. Esse mesmo telespectador toma conhecimento através desse mesmo noticiário sobre os casos de sucesso dos romances apaixonantes nutridos no ambiente virtual que venceram espaços geográficos a partir do papo online, da webcam, skype levando-os a consolidar uniões...
Diante de tantas leituras recordo de um artigo da autoria de Frei Betto intitulado: “Do Mundo Virtual ao Espiritual”. Além do reconhecimento, admiro a organização das idéias do autor, porém julguei necessárias algumas considerações. Ele mencionava: “Hoje, a palavra é virtualidade. Tudo é virtual. Pode-se fazer sexo virtual pela internet: não se pega Aids, não há envolvimento emocional, controla-se no mouse. Trancado em seu quarto, em Brasília, um homem pode ter uma amiga íntima em Tóquio, sem nenhuma preocupação de conhecer o seu vizinho de prédio ou de quadra! Tudo é virtual, entramos na virtualidade de todos os valores, não há compromisso com o Real! É muito grave esse processo de abstração da linguagem, de sentimentos: somos místicos virtuais, religiosos virtuais, cidadãos virtuais. Enquanto isso, a realidade vai para outro lado, pois somos também eticamente virtuais.”
São reflexões interessantes e válidas, porém, como já dissera, preciso pontuar que a virtualidade não deve ser simplesmente analisada a partir desse cenário. Há tantos usuários que encontram nessa ferramenta uma oportunidade de crescimento profissional e pessoal. Na verdade, gostaria mesmo, de produzir relatos... alguém que está do outro lado que já consegue roubar um sorriso, quando o pontinho verde do gmail, assim como no semáforo sinaliza: siga em frente. Alguém que vem para preencher o silêncio da madrugada, comungar da insônia, numa parceria solidária da solidão. Solidão? Sim, solidão! Isso não é contraditório... antes mesmo da virtualidade as pessoas já eram dotadas de egoísmo e indiferença, refiro-me ao vizinho do lado que já dorme e pouco se importa com o outro, a indiferença do bom dia é perceptível no tratamento diário quando se encontra na calçada pela manhã, de saída para mais um dia de trabalho. Imagine então um desejo de boa sorte, cinco de minutos de diálogo e tal... em tempos virtuais ou não, sempre foi necessário a existência de laços identitários para a formatação de novas amizades ou de possíveis romances.
Foi na virtualidade que alguns conseguiram colorir a escuridão da noite, que travaram um diálogo de prazer, marcado pela inteligência, pelo dinamismo, na leveza do movimento... afetos são sufragados no desejo imaginário, vividos no ambiente sensorial. O carinho não físico plenamente saciado no encontro de palavras, na discussão de idéias... é possível sim encontrar apoio, despertar admiração, fomentar encantos sinceros na virtualidade, isso requer apenas sensibilidade aguçada e permissão. Devo contrariar o pensamento de Frei Betto e dizer que na virtualidade há sentimentos, envolvimento emocional sim, nutridos da mesma forma e intensidade como nas relações presenciais. Devo dizer ainda, que na virtualidade o friozinho na barriga também acontece quando se depara com a expectativa do encontro de logo mais a noite - essa lembrança é suficiente para se sentir bobo - embora o encontro seja configurado no quarto, “sozinho”, quando ainda não se pode sentir e comungar corpos... não é uma cena caótica, compreendo que ela se difere da mesinha de um bar, por exemplo, porém ela concentra a mesma carga de magia e encanto que os encontros por natureza deveriam marcar. Assim sendo, ficamos também submersos em lembranças, exatamente como aquelas que acontecem nos encontros convencionais. Aliado a isso há também a mesma ansiedade da espera, há desejos e aquilo que julgo mais importante: há esperança.
A despedida e o até o logo quase partilhado com o assomar do sol são sinônimos de satisfação, das melhores impressões... madrugada de paladares!
Por gentileza meu caro leitor, não é para cair no esquecimento – estou falando de virtualidade! (Hodie)
Carnaval de recolhimento, pensamento itinerante, reflexão e poesia... isso me lembra uma folia diferente, uma folia que quem exibe beleza e irreverência na avenida é o poder da imaginação porque consegue trazer para perto quem nesse instante está longe, alguém que habita na lembrança, no carinho, no respeito e na admiração... as cores vibrantes do carnaval estiveram radiantes no fomento do novo, na esperança, na expectativa, no (re)encontro... um enredo de descoberta, um samba de sabores, uma bateria harmônica, que sinaliza repouso, paz, tranqüilidade... uma ala que anuncia um novo tempo, configurada no ensaio diário numa dinâmica alegoria de sonhos e desejos... carnaval leve, simples, movido pela crença do cheiro, do faro assertivo, do odor que vibra, contagia... as batidas por vezes confusas e indefinidas, denotam tempo, paciência, porém talvez seja melhor seguir o coro equilibrado, porque este conota anunciação, leveza, permissão, ajuste, redescoberta...(HODIE)
Depois de mais uma semana de trabalho, domado pelo cansaço, resolvera sair de casa e buscar um ambiente que pudesse saciar, senão realimentar a esperança que sempre estivera presente e solidária em suas atitudes marcadas pelo desejo. Encontrara no mar, refúgio reflexivo, observara atentamente os movimentos das ondas e ficara pensando por alguns instantes na representação da força torrencial de suas águas no percurso infinito de ir e vir... o mar sempre fora motivo de inspiração, nele sempre conseguira as melhores sensações de paz e energia. O sol forte, os movimentos humanos, a areia, as conchas, o vendedor, os praticantes de esporte, a criançada de sorriso leve e solto, enfim, toda a presença de um cenário diverso em que pudera visualizar vidas marcadas por suas individualidades e porque não, buscando ali, no mar, um sentido ou direção...
O mar - ah o mar!!!...que sempre tivera a representação coerente de fortaleza, mistério, desconhecido e recomposição. Divagando na introspecção de suas idéias, navegara durante alguns instantes nos posicionamentos que tivera diante de inúmeras situações que nos últimos dias vivenciara. Pensara no silêncio, nas regras, nos condicionamentos, nas imposições, nos padrões estabelecidos e principalmente no exercício de tolerância exigido na maioria de suas atitudes. Sempre fora desafio calar, conter palavras, suprimir desabafos, considerando que o discurso e o grito sempre foram características dominantes...
Olhara mais uma vez o mar com tamanha fixação e desejara por alguns instantes abolir, senão burlar as regras, mesmo consciente que elas são necessárias para estabelecer relações harmônicas e por conseqüência: hipócritas! Quisera ser o mar, quisera se revestir de sua grandiosidade, da sua potencialidade, da força que tem sua fúria, da sua beleza por vezes traiçoeira... quisera fortalecer sua esperança, quisera entender melhor a dimensão humana, suas relações, anseios e conflitos, quisera na verdade compreender melhor o destino... (HODIE)
Algumas narrativas, pensamentos, traduções, trechos fictícios que embelezam os discursos de poetas, das tramas de folhetim, são sempre balizadas pelas leituras dos fatos que conduzem a vida. Alguns projetos conseguem fazer tanto sucesso, que a vida real se confunde com a ficção. É o que acontece com o mundo mágico do cinema, do teatro, das novelas e minisséries que conseguem envolver a todos de uma maneira muito peculiar. Apaixonado pelo gênero dramático, considerando que este instiga a reflexão, me vejo mais uma vez dentre tantas outras, deixando a platéia do cinema, passando pelo corredor escuro que dá acesso a saída, carregando instantes de silêncio e introspecção quando tanto falo e considero o discurso um grande aliado no processo de resolução e/ou entendimento das situações vitais. É uma espécie de silêncio em conversação. Um pano de fundo, subjetivo, que aguça o imaginário, numa sugerência de repensar e de agir com a própria vida. Nas telas do cinema, com trezes indicações ao Oscar 2009, está o grande sucesso, The Curious Case of Benjamin Button, filme com direção de David Fincher, baseado no conto de F. Scott Fitzgerald, cuja abordagem reside num processo de rejuvenescimento do personagem Button, vivido por Brad Pitt e de um amor que foi necessário esperar pelo tempo, para que ele fosse possivelmente vivido, me refiro a Daisy (Cate Blanchett). A frase “we never know what awaits us” - nós nunca sabemos o que nos espera, citada três ou quatro vezes no decorrer do filme despertou em mim, a necessidade de escrever algo. A incerteza do amanhã, as dúvidas de outrora, o fascínio do mistério curiosamente são os elementos que dão sentido as nossas vidas. Seria possível realmente esperar pelo tempo para que a comunhão do amor acontecesse em plenitude? Existem receitas prontas para manter intacto o encanto do encontro e da paixão? Não seria soberbo apostar no desconhecido? Todas essas questões cuja resposta reside na nossa atitude diária, reforça a idéia de que o obscuro, enigmático são cenas excitantes que conduzem a intriga. É como se o inesperado, que na verdade é o próprio esperado revestido pelo nosso desejo, impresso pelo dinamismo e movimento da vida nos fosse congruente, e assim por sua vez, sólido! Machado nos diria que “Não se luta contra o destino; o melhor é deixar que nos pegue pelos cabelos e nos arraste até onde queira alçar-nos ou despenhar-nos. Diferentemente de Shakespeare que afirmava: “O destino é o que baralha as cartas, mas nós somos os que jogamos”. Considerando que ambos os pensamentos se encontram na dimensão de propósito, rumo, fatalidade, sina ou sorte, cabe-nos viver com intensidade o hoje e deixar-se mover sempre pela esperança, depositando confiança de que há algo de muito especial reservado no desconhecido que ainda nos espera. (Hodie)
Existem coisas pequenas e grandes, coisas que levaremos para o resto de nossas vidas… Talvez sejam poucas, quem sabe sejam muitas, depende de cada um, depende da vida que cada um de nós levou…Levaremos lembranças, coisas que sempre serão inesquecíveis para nós, coisas que nos marcarão, que mexerão com a nossa existência em algum instante.
Provavelmente iremos pela a vida a fora colecionando essas coisas, colocando em ordem de grandeza cada detalhe que nos foi importante, cada momento que interferiu nos nossos dias, que deixou marcas, cada instante que foi cravado no nosso peito como uma tatuagem.
Marcas, isso… Serão marcas… Umas mais profundas, outras superficiais porém com algum significado também. Serão detalhes que guardaremos dentro de nós e que se contarmos para terceiros talvez não tenha a menor importância pois só nós saberemos o quanto foi incrível vivê-los.
Poderá ser uma música, quem sabe um livro, talvez uma poesia, uma carta, um e-mail, uma viagem, uma frase que alguém tenha nos dito num momento certo…
Poderá ser um raiar de sol, um buquê de flores que se recebeu, um cartão de natal, uma palavra amiga num momento preciso…
Talvez venha a ser um sentimento que foi abandonado, uma decepção, a perda de alguém querido, um certo encontro casual, um desencontro proposital…
Quem sabe uma amizade incomparável, um sonho que foi alcançado após muita luta, um que deixou de existir por puro fracasso…
Pode ser simplesmente um instante, um olhar, um sorriso, um perfume, um beijo…
Para o resto de nossas vidas levaremos pessoas guardadas dentro de nós…
Umas porque nos dedicaram um carinho enorme, outras porque foram o objeto do nosso amor, ainda outras por terem nos magoado profundamente, quem sabe haverão algumas que deixarão marcas profundas por terem sido tão rápidas em nossas vidas e terem conseguido ainda assim plantar dentro de nós tanta coisa boa…
Lá na frente é que poderemos realmente saber a qualidade de vida que tivemos, a quantidade de marcas que conseguimos carregar conosco e a riqueza que cada uma delas guardou dentro de si…
Bem lá na frente é que poderemos avaliar do que exatamente foi feita a nossa vida, se de amor ou de rancor, se de alegrias ou tristezas, se de vitórias ou derrotas, se de ilusões ou realidades…
Pense sempre que hoje é só o começo de tudo, que se houver algo errado ainda está em tempo de ser mudado e que o resto de nossas vidas de certa forma ainda está em nossas mãos…
Segundo os ensinamentos de Buda, todas as coisas na vida e no mundo estão em constante mutação.
A sabedoria oriental nos mostra que devemos desfrutar a vida, sem nos aprisionarmos a ela, afinal, nada é para sempre. Então que possamos ter maturidade para desfrutar o agora, sem estarmos presos ao passado e sem esperar pelo futuro. Viver o momento é o ideal. O apego adoece, envenena e nos entristece. Encarar a intensidade do hoje não é estar indiferente aos problemas e sim enfrentá-los de forma positiva, tratando de visualizar no passado, lições que possam contribuir para o presente, para que o teu hoje seja vivido com satisfação. E assim, talvez de uma forma inconsciente tu possas plantar uma "árvore frondosa", que venha a dar bons frutos amanhã. E se tu não chegares a colhê-los, que outros o façam por ti, sem que isso te cause nenhum constrangimento ou dor. A isso eu chamo Desapego. Tudo nessa vida chega por alguma razão, portanto, se for ruim receba e não absorva, se for bom, aproveite, desfrute, viva-o intensamente sem se preocupar com o que estar por vir, pois assim como o sol renasce a cada novo dia, haverá sempre um novo hoje para os próximos amanhãs.(PULCRA)
Em tempos de reflexão, renascimento, eis que surge um presente do destino: o reencontro! Movido pela esperança e pelos sentimentos de afeto e carinho nutridos ao longo do tempo, parti novamente para os teus braços para sentir a fortaleza dos desejos e a magia da alegria. O cenário harmônico começa a ser construído logo no embarque, o sol nascente erradia luz e brilho para os meus olhos contemplativos, que vislumbra na força imaginária o teu corpo, teu afago, tua voz, teu beijo e melodia. A doce melodia de suspiro e canto, harmonizada no calor do abraço, na explosão de prazeres. Prazeres fluídos no diálogo aberto, no desejo saciado pelos corpos, na leveza dos sorrisos, na doçura das palavras e na firmeza do toque. Arranjos perfeitos e sincronizados permearam a intensidade dos últimos dias regados pela cumplicidade, esperança, descobertas e sonhos. O sorriso bobo, a lembrança alegre, o aperto no peito denunciam a saudade, a necessidade de mais um reencontro, de partilha... Conhecer novos lugares, ver o pôr do sol, caminhar ao teu lado, nosso banho de mar, adormecer depois de tanto amar, ostentam tamanha felicidade. O partir está integrado ao desejo de voltar - O sentir conciliado ao desejo de ter – ter a tua presença, teu sorriso, tua pele, teu calor, tua fúria carnal. O grande poeta Vinicius de Moraes já dizia: “(...) Certos momentos nos fazem esquecer que existe um mundo lá fora... Certos toques parecem estremecer todo nosso coração; Certos detalhes nos dão certeza de que existem pessoas especiais; Assim como você, que deixarão belas lembranças para todo o sempre”. Embalado pelo encanto das palavras do poeta, um agradecimento, o meu agradecimento diante do que foi vivido e fermentado. Sensações e impressões, ótimas lembranças permeiam neste instante, a minha realidade que tem cheiro, gosto e um pouco de dor. (HODIE)
"Si escribo lo que siento es porque así disminuyo la fiebre de sentir. Lo que confieso no tiene importancia. Hago paisajes con lo que siento. Hago fiestas con mis sensaciones."