Algumas narrativas, pensamentos, traduções, trechos fictícios que embelezam os discursos de poetas, das tramas de folhetim, são sempre balizadas pelas leituras dos fatos que conduzem a vida. Alguns projetos conseguem fazer tanto sucesso, que a vida real se confunde com a ficção. É o que acontece com o mundo mágico do cinema, do teatro, das novelas e minisséries que conseguem envolver a todos de uma maneira muito peculiar. Apaixonado pelo gênero dramático, considerando que este instiga a reflexão, me vejo mais uma vez dentre tantas outras, deixando a platéia do cinema, passando pelo corredor escuro que dá acesso a saída, carregando instantes de silêncio e introspecção quando tanto falo e considero o discurso um grande aliado no processo de resolução e/ou entendimento das situações vitais. É uma espécie de silêncio em conversação. Um pano de fundo, subjetivo, que aguça o imaginário, numa sugerência de repensar e de agir com a própria vida. Nas telas do cinema, com trezes indicações ao Oscar 2009, está o grande sucesso, The Curious Case of Benjamin Button, filme com direção de David Fincher, baseado no conto de F. Scott Fitzgerald, cuja abordagem reside num processo de rejuvenescimento do personagem Button, vivido por Brad Pitt e de um amor que foi necessário esperar pelo tempo, para que ele fosse possivelmente vivido, me refiro a Daisy (Cate Blanchett). A frase “we never know what awaits us” - nós nunca sabemos o que nos espera, citada três ou quatro vezes no decorrer do filme despertou em mim, a necessidade de escrever algo. A incerteza do amanhã, as dúvidas de outrora, o fascínio do mistério curiosamente são os elementos que dão sentido as nossas vidas. Seria possível realmente esperar pelo tempo para que a comunhão do amor acontecesse em plenitude? Existem receitas prontas para manter intacto o encanto do encontro e da paixão? Não seria soberbo apostar no desconhecido? Todas essas questões cuja resposta reside na nossa atitude diária, reforça a idéia de que o obscuro, enigmático são cenas excitantes que conduzem a intriga. É como se o inesperado, que na verdade é o próprio esperado revestido pelo nosso desejo, impresso pelo dinamismo e movimento da vida nos fosse congruente, e assim por sua vez, sólido! Machado nos diria que “Não se luta contra o destino; o melhor é deixar que nos pegue pelos cabelos e nos arraste até onde queira alçar-nos ou despenhar-nos. Diferentemente de Shakespeare que afirmava: “O destino é o que baralha as cartas, mas nós somos os que jogamos”. Considerando que ambos os pensamentos se encontram na dimensão de propósito, rumo, fatalidade, sina ou sorte, cabe-nos viver com intensidade o hoje e deixar-se mover sempre pela esperança, depositando confiança de que há algo de muito especial reservado no desconhecido que ainda nos espera. (Hodie)
Um comentário:
Belo texto Ricardo. Na verdade nunca sabemos do amanhã né, nem sabemos se é verdade.... Gostei do blogue foi colocar no meu blogue rsrs
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