PARA NÃO ME PERDER NO DISCURSO DO OUTRO, DO PRÓXIMO, TENTO ENCONTRAR O MEU.

sexta-feira, 25 de abril de 2008

Pessoas

"Já perdoei erros quase imperdoáveis, tentei substituir pessoas insubstituíveis e esquecer pessoas inesquecíveis". ( Charles Chaplin ) ... elo conectivo
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Pessoas não são substituíveis, o que buscamos em outras pessoas são características que encontrávamos em alguém que gostávamos muito. Algumas vezes perdemos alguém que nos faz grande falta e naturalmente nos apegamos a pessoas com características parecidas, como uma espécie de suprir o vazio deixado por essa perca. O interessante disso tudo é que tentar "substituir" alguém pode ser um forte aliado em favor do novo. E o que é mais intrigante é que tudo funciona como um jogo de cartas, nós jogamos, mas não sabemos que tipos de cartas vão chegar às nossas mãos, sabemos que temos que esperar atentos o próximo lance e pegar as cartas. Nessa hora tentamos pegar as cartas que combinam com os naipes que já temos, metaforicamente, os naipes são as pessoas que passaram por nossas vidas e que deixaram boas marcas. Sempre que vamos escolher cartas estamos tendenciosos a procurar semelhanças de naipes, porque conhecemos as regras do nosso jogo. O legal disso tudo é que às vezes a carta que você pega e que você nem acreditava muito é capaz de surpreender e até mudar o jogo, contribuindo para o seu melhor lance, enquanto outras que você valorizava tanto, que você guardou até o final do jogo, não te servia para absolutamente nada. Dessa maneira nós sempre nos surpreendemos com o poder das cartas, porque a vida é um jogo, nós conhecemos as regras, mas não somos capazes de determinar o valor das nossas cartas. (Consuus)
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Creio que cada um de nós dispomos de particularidades singulares, ou seja, temos algo que é só nosso e quem ninguém é capaz de substituir, porém, acredito que projetamos no outro, reflexos daqueles de quem um dia tanto gostamos, nos apaixonamos, e talvez seja essa a nossa atitude mais imatura, uma projeção errônea atrelada a um desejo pessoal, a reciprocidade daquilo que nós somos, do que fazemos... talvez até de forma inconsciente não sei... o pior de tudo é que obcecado por esta busca, vimos no naipes esses sinais que convergem no processo de substituição, uma espécie de "déjà vu", ou seja, continuamos insistindo e aí ficamos fadados a decepção, a frustração, visto que as pessoas são diferentes, "insubstituíveis"... mas todo esse processo é de maturação, só o tempo e as relações é que nos permitem traçar esses conceitos. Mudar o jogo, aquela carta que chega diferente e que às vezes descartamos, e fazemos isso porque centramos apenas no campo visual, quer dizer, não combina, não faz nem par, imagine jogo, não permitimos que o outro apresente sua essência, sua identidade pela teimosia de substituir. E talvez seja nessa carta, que resida a nossa melhor jogada. (Hodie)

quinta-feira, 24 de abril de 2008

A epifania do sentir

Às vezes, sem que haja uma razão específica, objetiva e clara, sentimos a necessidade de relatar algo que estamos sentindo ou que vivenciamos ou que ora simplesmente imaginamos... é neste sentido que construo nesse instante meu pensamento itinerante. Sempre mantive uma profunda relação com as palavras, porque expressar é externalizar um sentimento através de um recurso que ratifica, eterniza um momento real ou meramente imaginário... mas uma vez recorro a expressão imaginação e como dissera, mantenho uma relação de afeto com as palavras, porém, o substantivo imaginação e o verbo imaginar me impõem tamanho respeito. O dicionário nos ensina que imaginar, do latim imaginare significa criar; conceber; fantasiar; inventar; engendrar e pensar - Pelo atalho do pensamento numa perspectiva imaginária podemos construir um mundo de sonhos e habitar por instantes "reais" a projeção de nossos ideais, conhecer lugares, desvendar mistérios, ouvir palavras de afeto, fazer promessas, sentir-se maduro, realizado, está com alguém, trocar intimidade com esse alguém, comungar cheiros... talvez o sonho que outrora tive nessa madrugada seja simplesmente a transferência imaginária, cismada, engendrada na possibilidade do real, essa fantasia permeada pelo irreal sinaliza a manifestação de um desejo concreto, palpável porque há você, há a esperança, há a história, há o conflito, há principalmente o "eu" que se figura em cada manifestação subreal, infiltrado na essência, na reprojeção, no espelho, no Outro... a capacidade interativa do discurso, da realização, da satisfação plena é alcançado no submundo imaginário, porque ele torna-se cúmplice, aliado. Essa viagem transfigurada e metaforizada pela criação promove acima de tudo o enriquecimento do ego, a afirmação de que sempre vale apena acreditar nas possibilidades - é conhecer fisicamente algo ou alguém que ainda divaga na força do pensamento - fixado pela imagem (um lugar), pela sonoridade da voz (de alguém)! A imaginação que se traduz na força embrionária da descoberta, do prazer, do trazer, do sentir... (Hodie)
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Não há dúvidas que é na imaginação que se encontram nossos maiores devaneios e por mais que os sonhos estejam fora da perspectiva do real, existe algo dentro de nós que aproxima essas esferas, tornado-as quase palpáveis. Embora seja um ato considerado natural, o imaginar requer muita coragem. Essa epifania que resgata momentos, que realiza desejos guardados a ermo em escrutínios secretos da nossa mente, nos transporta a um lugar só nosso, onde tudo é possível, desde que esse "tudo" não venha a contrariar nossas ansiedades. Pode parecer algo maravilhoso e na verdade é. A felicidade que essas viagens nos proporcionam é tão grande, que temos que estar preparados para à volta ao mundo real, já que a constatação que marca a trajetória do sonhar, algumas vezes é fria, dura e cruel. Sentir algo muito bom, paradoxalmente, gera sentimentos de angustia e frustração, quando se chega à conclusão que ao final desse emaranhado de idéias volitivas, o que temos é a terrível sensação de algo inacabado e a inevitável esperança que o irreal alcance a concretude, antes tão visível e tão profundamente vivida no campo do imaginário. E nessa hora é possível trazer à tona uma certa admiração por aqueles que fogem a essa sensação; que se escondem dentro de uma couraça, não se permitindo sonhar, com o intuito de proteger-se, a fim de não ter que possuir algo por alguns minutos que poderiam ser eternizados e que, ao contrário, se é retirado bruscamente. O pensamento se firma na idéia de que é melhor não ter, do que ter e perder. No entanto quem é verdadeiro sonhador sabe que sempre valerá a pena cair de uma nuvem, simplesmente pelo imensurável prazer de voar. (Consuus)





quarta-feira, 23 de abril de 2008

Eu...

“Eu amei bem menos do que fui amada
Eu lutei bem menos que lutaram por mim
Eu desejei bem menos do que fui desejada
Eu fui muito mais caça que caçador
Eu fui mais teatro que ator
Eu fui mais principal que coadjuvante
Eu roubei a cena quando era simples figurante
Eu fiz do pouco que tinha muitas vezes o grande
No entanto algumas coisas que muito desejei, não tive
Se a vida é um jogo em que ora se perde e ora se ganha e ao final tudo se contabiliza,
Eu posso dizer que nessa vida, nem todo sonho se realiza". (Pulcra)

terça-feira, 22 de abril de 2008

Pensamentos fragmentados

Estou pensando na vida, na palavra, no discurso, na liberdade de expressão... minutos atrás no msn com uma grande amiga citava com muita naturalidade a expressão foda, então, fodam-se as filosofias, a sociedade que impõe regras e costumes, fodam-se os politicamente corretos... ora, mas que bobagem é essa? que desabafo é esse?... eu gosto mesmo é da palavra, do grito, da capacidade humana de interagir, de criticar, de quebrar paradigmas, de produzir resposta, gerar polêmica, despertar reflexão... eu vejo todo dia na rua, na face da criança faminta a exclusão escancarada, realidade nua e crua e minutos depois vejo na TV, os agentes da possível mudança com suas múltiplas faces, referendando os modelos da moral e dos bons costumes, quando na verdade trata-se de um bando de hípócritas que deveriam também se despir e se tornar um ser humano comum, desprovidos dos recursos que o mundo capitalista oferece... acredito que a música, a literatura e a arte sejam os caminhos "democráticos" que encontramos para traduzir muitos dos nossos sentimentos, visto que nos falta o espaço coletivo, a integração das raças, religião e sexo...

a inspiração vêm do comum, do cotidiano... vem do tumulto das grandes cidades, do silêncio e da idéia de esquecimento do povo que reside na zona rural, do trânsito caótico, no canto dos pássaros, do barulho do mar, no silêncio da noite - vem principalmente dessa angustia que palpita dentro do nosso ser quando nos deparamos com o sofrimento, com a dor, a mágoa, a decepção, vem da simplicidade de uma criança que embora lhe falte o pão, carrega uma esperança invejável traduzida na doação do seu sorriso, da sua inocência que se limita na extensão do seu pequeno mundo...

a inspiração que ora se confunde com a própria história, a realidade traduzida em palavras, a manifestação de um desejo, de um sonho... inspirar, insinuar, sugerir são sinônimos latentes que carrego e no momento oportuno procuro externá-las...

seria simplesmente mover-se encadeado ao apetite, leia-se propósito, intuito, desejo... (Hodie)

sexta-feira, 18 de abril de 2008

Silêncio

"No silêncio escutamos nossos próprios desejos e carências, e os das outras pessoas; nele podemos saborear novas formas de alegria e de convívio; nele aprendemos até a apreciar mais as palavras, pois só no silêncio se abrem os verdadeiros diálogos. Com verdade, com dignidade, com alguma beleza, exercendo a nossa humanidade menos rasteira. Ele é necessário para escutar a chuva que chega sobre árvores e telhados: doce como um colo de mãe, reconfortante como os passos da pessoa amada no corredor. A gente vive de maneira minimamente ética (pode ser apenas educada) a cada dia, e ainda percebe o rumor da chuva nas árvores, ou da consciência falando para o coração atento? "(Fragmento Conectivo)
Lya Luft - Entre Palavras - Ponto de Vista - Revista Veja/Nov2005/Edição nº1993
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O silêncio e o tempo são sábios, essa frase é bem batida, mas a grande sacada do silêncio é que só ele é capaz de resgatar a nossa dignidade, quando as palavras ditas já não são capazes de causar efeito, quando ninguém mais se entende, ou melhor, quando o interlocutor já não deseja nos entender. Nessa hora o silêncio pode falar mais, porque o silêncio gera uma pausa para reflexão e deixa o interlocutor respirar, internamente o silêncio tem a força de um grito. Para quem espera nossas palavras o silêncio pode ser uma agonia, a figura estática da indiferença, quando na verdade para quem o oferece ele pode ser a resignação de quem está cansado de lutar. (Impressões - Pulcra)
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... o silêncio seria acima de tudo uma resposta sincera, ora repreensiva, por vezes gritante "o silêncio tem a força de um grito", feliz essa frase sábia e inédita para mim, que se traduz no cansaço das palavras, já gastas e sem sentido - nas atitudes ousadas, porém sinalizando desequilibrio - na esperança, contudo já ferida e no desejo mesclado entre sonhos, fantasias e caprichos... silenciar é retirar o time de campo, é vivenciar um processo introspectivo que leva ao resgate dos nossos valores e principios, é talvez a única oportunidade de rever aquele jogo, que sabemos tão bem as regras, embora não tenhamos conhecimento das cartas que nos chegarão... o silêncio introspectivo é resgate, é a descoberta da essência, do nosso Outro que participa, que interage e por vezes não sabemos lidar e aproveitar da sua inocência, leia-se inteligência no confronto da vida... (Conexões - Hodie)
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O silêncio então seria a nossa última cartada, o último trunfo, guardado na manga, seria a ultima injeção de insulina do diabético? ou melhor seria o choque que ressuscita o cardíaco? Afinal, será que o silêncio não tem um objetivo? Será que o silêncio não é a terapia de choque dos loucos? Eu acho que o silêncio quando ele é o verdadeiro "silêncio" no sentido desse conotação que estamos falando ele tem sempre uma consequencia. E é o resultado dessa consequencia que quem o oferece espera. O silêncio é o jogar tudo para o alto. È apostar na última carta, sem medo de errar, porque quando chega no silêncio já não se tem mais o que perder.... (Questionamentos - Pulcra)
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as dicotomias perder e ganhar, acertar e errar na perspectiva do silêncio, do grito, da expressão denotam um conjunto de ações permeadas pela inquietação... as consequências do silêncio é talvez a grande resposta que buscávamos na insistência do discurso, na sinceridade do olhar, no toque... sair de cena, agir com a frieza da indiferença seria uma alternativa ou a mera tradução de um sentimento em chama? Essa "fuga" que o silêncio pode evidenciar não seria literalmente o grande trunfo, o último que talvez o julgamos ser a tábua de salvação? O silêncio não seria metaforicamente aquele "fio de esperança" que teima em ficar grudado, roubando a capacidade de raciocinio, de lidar com as situações tão claras, evidentes? Ah, o silêncio... a expressão reprimida pelo desejo, que fala através do comportamento, do físico, a estranha sensação de que não há mais nada a fazer... (Conclusões - Hodie)