PARA NÃO ME PERDER NO DISCURSO DO OUTRO, DO PRÓXIMO, TENTO ENCONTRAR O MEU.

segunda-feira, 16 de agosto de 2010

Percepções

Já disseram que a dor provoca a descoberta do tamanho da nossa fortaleza. Os dias têm passado de forma lenta e cinza, já não há mais brilho, esperança e sonhos. Talvez o tempo não tenha sido tão generoso conosco. As palavras ditas num momento de resignação ainda flutuam em minha memória, de forma tão clara que se sente o odor da raiva, da arrogância roubando aquele sorriso doce, meigo, afetivo e fraterno, um dia aberto só para mim. Saudades de um tempo em descoberta, de uma presença serena, de uma cumplicidade. O futuro que às vezes tanto me assusta parecia navegar em águas calmas. A tempestade já não tinha a mesma força e tudo parecia ser mais fácil. As trocas de experiências vividas, de dores superadas, mundo a descobrir, momentos a serem construídos se dissiparam num diálogo incoerente. Somos aqueles humanos complexos demais. Somos aqueles detentores de orgulhos irreparáveis. Somos aqueles que se perderam quando ainda deveriam se encontrar. Talvez, sejamos iguais.


A dor vai passar... a força deverá ser resgatada... o sonho precisa ser reconstruído na cabine do meu mundo. (Hodie)

sexta-feira, 4 de junho de 2010

Antes do Sol Nascer (Monólogo)

Ele já não consegue, tampouco sequer, fugir das regras. O ousado poeta busca nas letras uma cumplicidade ímpar para revelar sentimentos. Às vezes, fala com euforia das novas possibilidades, dos novos amores, da projeção de novos sonhos, porém, também por vezes, vê-se produzindo um texto com forte carga dramática de dor, perda ou desilusão. Em muitos destes, a menção sobre o destino, a reverência pela esperança, e talvez o mais importante: nunca se permitira perder os sonhos. Este mesmo poeta busca também na música, dada sua intimidade com as palavras, trechos que muitas vezes traduzem sua emoção momentânea, sempre marcada pela intensidade. Aprendera desde muito cedo que a vida merece ser plenamente vivida, e que através desse lema convicto, sempre assumira com vigor seus desejos.

Na última madrugada, considerando sua intimidade com a noite e diante de uma lembrança aparentemente banal para alguns e principalmente diante da leitura de uma mensagem recebida, o poeta resolvera dialogar consigo mesmo e começara a navegar sensorialmente nas cenas construídas desde a última tarde de sábado, quando o mar, sua grande paixão configurara um encontro feliz e teimosamente despertara o fomento de um novo sonho, uma nova esperança.

A frase clichê: “O destino decide quem vamos encontrar na vida, as atitudes decidem quem fica”, tem lá sua dosagem de sabedoria e encanto. Assim, o poeta adormece na madrugada de outrora, feliz, envolto das lembranças dos últimos encontros diários e porque não, resoluto, para nutrir sentimentos. Inebriado, certamente devido ao cansaço e o sono, os olhos do poeta cerraram com a lembrança do pensamento de Clarice Lispector: “O amor é tão inerente quanto à própria carência, e nós somos garantidos por uma necessidade que se renovará continuamente. O amor já está, está sempre...”(Hodie)

quinta-feira, 29 de abril de 2010

Inquietações

Ele deseja com tamanho desejo, o reencontro dos lábios, a mistura do sexo, o calor do corpo. Lembranças de afetos pautados em palavras e atitudes permeiam no coração deste homem que ama, recordações de um fogo ardente de almas expressivas, veemente em sentimentos, entusiasmo e arrebatação. Um corpo amor inquieto, como um barco que navega por mares desconhecidos ao encontro do cais. Ama com tamanho amor. Sente com tamanho sentir. Ele necessita dos beijos salivados de outrora, dos corpos exalando odores, lubrificados pelo prazer mútuo. Vidas em agonia, dor da ausência, saudades aliviadas pelo cheiro ainda presente no suor doce da pele e pela magia que reside no sensorial. Ele alimenta o sonho, movido pela ventania quente do tempo, inspirado pela corrente das águas de rios que perenemente traçam caminhos, desafiam as leis, superam os obstáculos em busca do mar. Rio e mar, encontro, reencontro, morada - fusão... Metáforas que configuram a essência de um amor primoroso, idealizado por um homem que simplesmente crer no amor e ama. (Hodie)

terça-feira, 6 de abril de 2010

Evidências

Eu costumo viajar nas palavras e me deleitar nas lembranças. Trazer-te novamente para perto e sentir a felicidade pulsante, através de reencontros imaginários, sejam através do cheiro impregnado, do gosto do sexo, da música que toca, da fotografia capturada e por sua vez eternizada no instante, alimenta minha alma ousada e desperta sensações inebriantes. Os sonhos vividos além de nostálgicos carregam a teimosia de despertar tantos outros. Comungar o mesmo lençol embebido de prazer, os olhares em entrega, os corpos em ardente desejo, o banho ensaboado, o baile de sábado à noite - fechando aqui meus olhos te vejo lentamente no movimento da dança, rara beleza invadindo meu ser - caminhar pelo parque na manha de domingo, na contraditória sensação de tempestade e calmaria, coloco-me mais uma vez submisso ao amor. Mário Quintana diria sabiamente: “Fechei os olhos para não te ver e a minha boca para não dizer... E dos meus olhos fechados desceram lágrimas que não enxuguei, e da minha boca fechada nasceram sussurros e a palavras mudas que te dediquei... o amor é quando a gente mora um no outro”. Certamente seria muito cedo ainda para dizer te amo, talvez. Porém, meus sentimentos, sonhos e esperanças têm feito moradas no teu corpo, na tua vida...(Hodie)

sexta-feira, 26 de março de 2010

Fusão

Vivo mais uma vez a mágica fantasia do encontro, a possibilidade do amor, aquela paixão sem freio, desmedida. A natureza tem seus mistérios e revela no corpo de dois, sonhos possíveis. Tornamo-nos um só! Meu corpo em teu corpo, minha forma em tua forma, calor intenso em terra fria. Olhares susurrando palavras, revelando desejos em consonância com atitudes. Convicções seladas.


Ansiedades de outrora, repousadas em abraços. Fotografias, passeios, noite, bebidas e cigarros, beijos impetuosos, sexo fogoso, silêncio compartilhado, configuraram nosso enredo romântico.


A ventania do final da tarde daquele sábado parecia anunciar a tempestade que seria minha saudade. A lágrima não contida na despedida, simboliza dentre tantas outras coisas, minha alma inquieta e minha vontade de ficar.


Navegando na memória, transporto-me levemente para ti, num incrível fascínio sensorial. Hoje, a espera do próximo encontro, minha ansiedade se renova e até lá, fomento com honra, minha teimosa esperança, que nunca cessa. (Hodie)

segunda-feira, 1 de março de 2010

Inusitado eu sei...

Inusitado eu sei - Promíscuo, diria talvez. Na verdade não há escolhas. Os corpos, às vezes, ditam suas próprias regras e sobrepõem à razão. Sou emotivo demais quando me deparo com gestos, palavras, canção, atitudes, presentes - Presença. Meus olhos enigmáticos sempre roubam à proposta do diálogo. Eles simplesmente provocam e evidenciam as inconstâncias humanas. Isso tudo atrelado ao meu sorriso bonito e/ou sacana como preferem definir alguns, configuram minhas incertezas, meus sonhos, meus anseios e medos. O suor provocado pelo calor intenso, porém, marcado pelo prazer da última noite revela por vezes o cansaço diante da soberania do destino. A vida sem regras, sem escalas, sem perspectivas, aparentemente agradável, não me inspiram ao desejo da conquista. A sinceridade, meu carma maior, aliado por vezes ao silêncio quando tanto discurso, parece-me revelar mesmo diante de algo aparentemente preconceituoso e impróprio, a certeza de que viver apesar das adversidades e dos sacrifícios, é um bem maior, ratificado quando de momentos felizes expressados em abraços apertados e espontâneos, beijos roubados quando por necessidade são reprimidos e principalmente nos encontros propositais e constantes desafiando as leis e promessas, em profundo respeito à vontade sensível e assertiva de cada um, do encaixe humano perfeito e faminto.(Hodie)