PARA NÃO ME PERDER NO DISCURSO DO OUTRO, DO PRÓXIMO, TENTO ENCONTRAR O MEU.

sexta-feira, 29 de agosto de 2008

Filme - Era uma vez...

Ontem acompanhei o filme Era uma Vez, produção brasileira do diretor Breno Silveira que conta a história de Nina e Dé, jovens totalmente distintos em suas realidades de vidas ambientadas no Morro do Canta Galo e a Praia de Ipanema no Rio, as diferenças sociais são marcadas pela diversidade linguistica, pela vida na favela e no bairro nobre, pelas festas na extensão da sala ou nas escadarias do morro. Curiosidades, amor, descobertas, carências invadem o enredo que mostra uma cidade violentada pela desigualdade social, pela marginalidade, falta de expectativa e domínio de poder. Gostaria de sair do foco fictício do romance, uma adptação moderna de Romeu e Julieta, para falar exatamente sobre aquilo que mais me prendeu: o universo da favela que aparentemente tão distante está tão próximo de nós... próximo quando nos deparamos com uma linguagem pejorativa, carregada de gírias na produção do discurso. Próxima por que diariamente encontramos nas ruas, praças e becos uma população cada dia menos culta, desprovidas de uma educação de qualidade e de alguns valores que aprendemos um dia e se perderam nessa imensidão de homens rudes, analfabetos e excluídos. E assim fica evidente que vivenciamos no atual contexto social a palavra de ordem que se chama indiferença, ou seja, não estou nem aí para a quantidade crescente de problemas sociais que invadem a minha casa, o meu trabalho e a minha família. Talvez se parássemos com os discursos hipócritas, deixássemos um pouquinho de lado o nosso egoísmo, poderíamos construir uma sociedade mais humana e digna. Talvez o Rio pudesse sim, dizer em alto e bom tom: cidade maravilhosa! Certamente o Brasil tão conhecido lá fora por suas belezas naturais e pelo seu povo "acolhedor", e isso parece contraditorio, exercesse melhor sua cidadania e assim sendo, viveríamos finalmente a sonhada paz... (Hodie)

terça-feira, 19 de agosto de 2008

Nostalgia


Onde quer que eu vá, levo comigo uma certa nostalgia daquilo que não se pode compreender. Algo tão insólito que me faz pensar e repensar milhões de vezes sobre questões que não são minhas, exatamente.Me inquieto no mal alheio e nele estabeleço meu caos! Sem prudência, defendo e mergulho n’algo que, se antes era irrelevante, agora se faz essencial.Já quis ser poeta, almejei glórias, fortunas, mas descobri a tempo que a única e primeira glória do homem é o amor e a humanidade à flor da pele!Considero que o livre arbítrio deva se exercitar à intuição, senão seremos tão dispersos como folhas ao vento.


Ana Beatriz Figueiredo Mota
(Elo conectivo)

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Esse texto vem ratificar a idéia de que é totalmente humano ser um nostálgico, sentir saudades, vivenciar saudades... estabelecer caos, buscar entendimento, carregar a necessidade e a sensação de que há sempre algo novo a ser desvendado e vivenciando, traduz muito bem nossos desejos de mudança. Querer ser poeta ou ser um poeta, reconhecido ou não, é uma das ferramentas para traduzir em versos e poesias nossos desejos, desejos nostálgicos e aqui cabe os desejos chagados, dimensões que habitam exatamente nessa essência humana, por muitas vezes frágil, vulnerável, mas que carrega uma admirável teimosia de crer na vida, no amor, nas pessoas... sejamos inquietos, instigantes... embora não seja um credor da numerologia, outro dia me surpreendi com um mapa astral que dizia algo marcante em minha natureza: ...onde as pessoas vêem apenas "situações", você vê infinitas possibilidades... Talvez aqui, eu tenha exercitado muito bem o livre arbítrio. É preferível pensar em possibilidades a meras situações, vista que essas cessam. Carregar o sentido de infinito é acima de tudo carregar a capacidade de recriar, recriar-se. Reconstruir, refazer, reestabelecer são sinônimos daqueles que não se permitem parar diante de uma primeira limitação, como sugere o poeta Virgílio Ferreira: "... o ilimitado é o limite de todos os limites..." assim, a cada dia me convenço de que passar pela experiência terrena como mero espectador é agonizante, deprimente, desprezível... porque não aceitar por vezes nossa intuição, agir movidos por essa sensação respaldada por um força superior que foge ao nosso mero entendimento, mas que sentimos com clareza a conspiração do universo? Sugiro também respeitar nossos desejos, aceitá-los, vivenciá-los por mais que esses possam parecer abomináveis aos olhos de alguns, que certamente se encaixam na nomenclatura da hipocrisia... assim, procuro sempre deixar minha marca em todos os aspectos, sejam eles profissionais ou afetivos. Vivo cada dia fomentando a minha história... e você? (HODIE)

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Eu fecho a minha boca e guardo o meu grito, entrego ao silêncio essa nuvem nostálgica, não quero dizer que ela me visita, não quero sentir que ela me abala. A voz que cala é a garganta que seca por rejeitar a dor que ninguém ver. É a saudade de algo que nem a mim se faz saber. Isso é nostalgia. Sensação de quem espera pelo trem que passou, pelo barco que naufragou, por tudo que ficou, que já deveria estar há muito esquecido e que, no entanto, se eternizou...... (PULCRA)

segunda-feira, 18 de agosto de 2008

Figura de Linguagem

Na construção dos meus versos e poesias, a tua imagem transfigurada em palavras. Hoje não consegui parar de pensar em você, na essência do teu ser. O teu ser e o meu querer são mais que verbos no infinitivo, é conjunção, aliás, conjugação. Como é gostoso a língua – doce ambigüidade – pensar em areia e mar, ave e ninho, casa e botão metaforizando o nós. Neste sentido, confesso morrer de saudade, que meu coração está ardendo de desejos. Latejando, batendo, restrugindo, num compasso acelerado... tum, tum, tum!!! Visto que o meu pensamento é a tua figura em linguagens. E tenho você sempre no anoitecer da noite, no amanhecer do dia, na verdade é um vício. E o mais gostoso de tudo leãozinho, neogislar coisas assim... ter você através de um eco, alegremente em mente! (HODIE)

segunda-feira, 11 de agosto de 2008

Dizer "sim", dizer "não"...

A história mais difícil de escrever é a nossa própria, complexa, obscura, inocente ou perversa - bem mais do que são as narrativas ficcionais.
Brinquei muito tempo com a idéia de dizer “sim” ou “não” a nós mesmos, aos outros, à vida, aos deuses, como parte essencial dessa escrita de nosso destino - com os naturais intervalos de fatalidades que não se podem evitar, mas têm de ser enfrentadas.
Acredito em pegar o touro pelos chifres, mas vezes demais fiquei simplesmente deitada e ele me pisoteou com gosto. Afinal, a gente é apenas humano.
Nessa difícil história nossa, dizer “sim” ao negativo, ao sombrio, em lugar de dizer “sim” ao bom, ao positivo, é o desafio maior. Pois a questão é saber a hora de pronunciar uma ou outra palavra, de assumir uma ou outra postura.
O risco de errar pode significar inferno ou paraíso.Também descobri (ou inventei?) isso de existir um ponto cego da perspectiva humana, em que não se enxerga o outro mas apenas um lado dele: seu olho vazado, sua boca cerrada, seu coração amargo. Sua alma árida, ah… O ponto cego das nossas escolhas vitais é aquele onde a gente pode sempre dizer “sim” ou “não”, e nossa ambivalência não nos permite enxergar direito o que seria melhor na hora: depressa, agora.
O ponto mais cego é onde a gente não sabe quem disse “não” primeiro. E todos, ou os dois, deviam naquele momento ter dito “sim”.
Viver é cada dia se repensar: feliz, infeliz, vitorioso, derrotado, audacioso ou com tanta pena de si mesmo. Não é preciso inventar algo novo. Inventar o real, o que já existe, é conquistá-lo: é o dom dos que não acreditam só no comprovado, nem se conformam com o rasteiro.
Nosso drama é que às vezes a gente joga fora o certo e recolhe o errado. Da acomodação brotam fantasmas que tomam a si as decisões: quando ficamos cegos não percebemos isso, e deixamos que a oportunidade escape porque tivemos medo de dizer o difícil “sim”.
O “não” é também um ponto cego por onde a gente escorre para o escuro da resignação.O ponto mais cego de todos é onde a gente nunca mais poderá dizer “sim” para si mesmo. E aí tudo se apaga. Mas com o “sim” as luzes se acendem e tudo faz sentido.Dizer “sim” a si mesmo pode ser mais difícil do que dizer “não” a uma pessoa amada: é sair da acomodação, pegar qualquer espada - que pode ser uma palavra, um gesto, ou uma transformação radical, que custe lágrimas e talvez sangue - e sair à luta.
Dizer “sim” para o que o destino nos oferece significa acreditar que a gente merece algo parecido com crescer, iluminar-se, expandir-se, renovar-se, encontrar-se, e ser feliz.Isto é: vencer a culpa, sair da sombra e expor-se a todos os riscos implicados, para finalmente assumir a vida.
Fazer suas escolhas, assinar embaixo, pagar os preços…e não se lamentar demais. Porque programamos o próprio destino a cada vez que, num tímido murmúrio ou num grande grito, a gente diz para si mesmo: “Sim!”
Lya Luft

quarta-feira, 6 de agosto de 2008

Somos


É preciso encontrar no sol
O calor da vida
É preciso encontrar na lua
A serenidade da vida...

Somos um conjunto de contradições
Somos a construção do cotidiano
Somos o reflexo de uma melodia,
Da direção do vento,
De um crepúsculo...

Somos acima de tudo,
O hiato entre o tempo e o espaço,
O amor e o ódio,
A alegria e a tristeza,
O prazer e a dor.

Resultados da descoberta,
Pois nos descobrimos a cada instante,
E amadurecemos!
Sempre haverá, outras leituras, outras atitudes! (Hodie)

segunda-feira, 4 de agosto de 2008

Ensaiando a vida...

Vivemos num teatro onde nós somos ao mesmo tempo autor e personagem da nossa própria história. No entanto se dar conta disso é o grande problema. Nós estamos muito tendenciosos a achar que vamos ter uma chance para consertar algo que fizemos de errado e, ao mesmo tempo perdemos muito tempo planejando algo que poderia ser mais prático. Enfim, estamos quase que contínuamente fazendo confusões. Tem horas que pensamos que somos personagens de uma história, quando na verdade sem nossa atitude não terá história.
A única coisa que sabemos é que nossos atos são capazes de construir ou destruir alguma coisa e por termos consciência disso acabamos sendo comedidos em nossas ações; por medos, por orgulhos e talvez até mesmo, porque sabemos que a vida é uma peça sem direito a ensaios. E por não saber qual a medida de sal que devemos colocar na receita de viver, acabamos por comer insoço, com medo de salgar o cardápio, pois mesmo sabendo que a vida não permite ensaios, algumas pessoas ensaiam mais do que vivem.
Precisamos ser idiotas um pouco, fazer o que se tem vontade, sem se preocupar com a bolsa de valores e com o aumento da dívida externa. (Pulcra).
...
Pensando na idiotice, no teatro, sugiro que vivamos e sintamos as coisas como se elas fossem o que realmente são: passageiras. Se o teatro representa metaforicamente a vida, comecei a pensar no sentido de passageiro, de momentâneo. O que se figura numa peça não é nada mais do que a epifania de um momento, da reflexão de algo, da representação... talvez sejamos também no palco da vida figurantes de uma dada situação, atuamos movidos pelas cargas de sentimentos que ora carregamos, e é exatamente aí que talvez tenhamos a oportunidade de dizer ou fazer aquilo que vem a mente, visto que é passageiro, é momento... mas tarde certamente teremos outras leituras e nesse mesmo palco a construção de outras atitudes... por isso é preferível lamentar pelo que não se fez, porque assim sendo perdemos a oportunidade de deixar nossa marca. Acredito ainda que nesse ensaio improvisado do viver, as cenas são mais leves quando deixamos fluir com liberdade nossos desejos, vontades e tentamos colocá-los em prática expondo-se porque não ao "ridículo"? Neste peça em que autor se confunde com personagem fica o aprendizado, o tal "momento passageiro" vivido, feliz... (Hodie)

sábado, 2 de agosto de 2008

Sensação de restauração, renovação!!!

A folha, o galho seco, o cheiro de mato, de terra molhada, o vento, a areia, o canto do pássaro, o ninho, a prosa, o verso, a borboleta, a simplicidade de um povo, a sabedoria do mundo, a linguagem carregada de emoção, a vida marcada pelas rugas na face, a velhice confundida com a jovialidade – ah, sertão... Sensação de restauração, renovação! Ao longo do mês de julho/08 pude rever familiares e amigos que há muito tempo não mantinha contato e talvez o mais importante: a comunhão do diálogo e a partilha de histórias construídas no contexto individualizado de cada um. Histórias interessantes e outras bem simples, contadas no exercício da oralidade e na riqueza da diversidade lingüística, um processo de aprendizagem totalmente diferenciado do que aquele que acontece na academia e no mundo corporativo. Uma aprendizagem acima de tudo reflexiva, humana, pautada em valores, em afetos, e na simplicidade de quem encara a vida com mais naturalidade e “normalidade”, considerando que estes só encontram ainda na TV e no rádio, os únicos recursos de tecnologia. Nesse período, pisei em terra firme, terra sertaneja, fértil, onde o contraste do verde e do seco se mescla em suas paisagens cotidianas. Caminhei nos sertões senadorenses, onde ainda não há sinal de telefonia móvel e internet. Pude sim apreciar algo que há muito tempo parecia ter sido abolido da nossa realidade, a mulher sertaneja sentada à beira do rio lavando suas roupas, numa habilidade impecável na condução de um árduo trabalho braçal e o mais curioso: um largo sorriso contagiante. Sabe minha gente, pude também fazer algo que me dá demasiado prazer, assistir o espetáculo da natureza que é o pôr do sol. A magia gratuita carregada de sentido nas tardes do Brasil, da minha Senador Pompeu, terra natal, dos seus sertões, do cariri cearense e da região centro sul do estado. Alguns fotografados, outros apenas registrados na memória.
Falando em Cariri Cearense, estive em Juazeiro do Norte e visitei o Museu e o Horto de Pe. Cícero (Nosso Padim) e acompanhei incríveis manifestações de fé, pessoas vindas de vários estados brasileiros e de todas as classes sociais reverenciando e louvando ao “Santo Padre”, cumprindo promessas, fazendo pedidos e exercendo culturas e crenças populares que crescem cotidianamente no seio do povo. Alguns exemplos: beber e lavar a face com água benta distribuídas em potes de barro dentro do Museu; rodar exatas três voltas em torno da bengala que compõe a arquitetura da estátua, centrando o pensamento num pedido a ser alcançado ou simplesmente escrever carinhosamente um pedido no papel e depositá-lo numa urna gigantesca também localizada dentro do Museu Vivo de Pe. Cícero. Tive a oportunidade também de visitar mais uma vez a grande festa realizada no Município de Crato, a EXPOCRATO, promovida durante o mês de julho e que fomenta a economia local através do turismo, da exposição de ovinos e caprinos, comercialização de produtos agrícolas, inovações tecnológicas e dos estudos e pesquisas realizados pela Universidade Regional do Cariri – URCA. Estive aqui em Fortaleza por duas vezes durante minhas férias e não pude deixar de ir à praia, e de flagrar o contato do menino com o mar. Fui também ao shopping fazer alguns pagamentos inadiáveis e porque não, realizar um passeio socrático. Estive também num sábado desses a noite na ponte dos ingleses (ponte metálica) e no centro dragão do mar de arte e cultura, lugares que aprecio bastante na minha querida Fortaleza. Além de tudo isso fui alimentado pela leitura da Obra de Linhares Filho, edições UFC, intitulado A “Outra Coisa” na Poesia de Fernando Pessoa, um livro de crítica literária portuguesa, alguns fragmentos do Livro "Trilogia suja de Havana", de Pedro Juan Gutierrez. (preciso lê-lo na íntegra) e de prazerosas crônicas de Lya Luft.
Não tenho dúvidas que o texto é transparente o suficiente no sentido que todos possam perceber e sentir meus sintomas de felicidade, como sugere Guimarães Rosa, “felicidade se acha é em horinhas de descuido”, mesmo considerando que embora nem sempre é possível alcançar todos os nossos desejos, alguns até simples mais que tive que deixá-los para logo mais (eu espero), num feriado prolongado quem sabe... e que venham novas férias, viagens e descobertas...
(Hodie)