PARA NÃO ME PERDER NO DISCURSO DO OUTRO, DO PRÓXIMO, TENTO ENCONTRAR O MEU.

sábado, 2 de agosto de 2008

Sensação de restauração, renovação!!!

A folha, o galho seco, o cheiro de mato, de terra molhada, o vento, a areia, o canto do pássaro, o ninho, a prosa, o verso, a borboleta, a simplicidade de um povo, a sabedoria do mundo, a linguagem carregada de emoção, a vida marcada pelas rugas na face, a velhice confundida com a jovialidade – ah, sertão... Sensação de restauração, renovação! Ao longo do mês de julho/08 pude rever familiares e amigos que há muito tempo não mantinha contato e talvez o mais importante: a comunhão do diálogo e a partilha de histórias construídas no contexto individualizado de cada um. Histórias interessantes e outras bem simples, contadas no exercício da oralidade e na riqueza da diversidade lingüística, um processo de aprendizagem totalmente diferenciado do que aquele que acontece na academia e no mundo corporativo. Uma aprendizagem acima de tudo reflexiva, humana, pautada em valores, em afetos, e na simplicidade de quem encara a vida com mais naturalidade e “normalidade”, considerando que estes só encontram ainda na TV e no rádio, os únicos recursos de tecnologia. Nesse período, pisei em terra firme, terra sertaneja, fértil, onde o contraste do verde e do seco se mescla em suas paisagens cotidianas. Caminhei nos sertões senadorenses, onde ainda não há sinal de telefonia móvel e internet. Pude sim apreciar algo que há muito tempo parecia ter sido abolido da nossa realidade, a mulher sertaneja sentada à beira do rio lavando suas roupas, numa habilidade impecável na condução de um árduo trabalho braçal e o mais curioso: um largo sorriso contagiante. Sabe minha gente, pude também fazer algo que me dá demasiado prazer, assistir o espetáculo da natureza que é o pôr do sol. A magia gratuita carregada de sentido nas tardes do Brasil, da minha Senador Pompeu, terra natal, dos seus sertões, do cariri cearense e da região centro sul do estado. Alguns fotografados, outros apenas registrados na memória.
Falando em Cariri Cearense, estive em Juazeiro do Norte e visitei o Museu e o Horto de Pe. Cícero (Nosso Padim) e acompanhei incríveis manifestações de fé, pessoas vindas de vários estados brasileiros e de todas as classes sociais reverenciando e louvando ao “Santo Padre”, cumprindo promessas, fazendo pedidos e exercendo culturas e crenças populares que crescem cotidianamente no seio do povo. Alguns exemplos: beber e lavar a face com água benta distribuídas em potes de barro dentro do Museu; rodar exatas três voltas em torno da bengala que compõe a arquitetura da estátua, centrando o pensamento num pedido a ser alcançado ou simplesmente escrever carinhosamente um pedido no papel e depositá-lo numa urna gigantesca também localizada dentro do Museu Vivo de Pe. Cícero. Tive a oportunidade também de visitar mais uma vez a grande festa realizada no Município de Crato, a EXPOCRATO, promovida durante o mês de julho e que fomenta a economia local através do turismo, da exposição de ovinos e caprinos, comercialização de produtos agrícolas, inovações tecnológicas e dos estudos e pesquisas realizados pela Universidade Regional do Cariri – URCA. Estive aqui em Fortaleza por duas vezes durante minhas férias e não pude deixar de ir à praia, e de flagrar o contato do menino com o mar. Fui também ao shopping fazer alguns pagamentos inadiáveis e porque não, realizar um passeio socrático. Estive também num sábado desses a noite na ponte dos ingleses (ponte metálica) e no centro dragão do mar de arte e cultura, lugares que aprecio bastante na minha querida Fortaleza. Além de tudo isso fui alimentado pela leitura da Obra de Linhares Filho, edições UFC, intitulado A “Outra Coisa” na Poesia de Fernando Pessoa, um livro de crítica literária portuguesa, alguns fragmentos do Livro "Trilogia suja de Havana", de Pedro Juan Gutierrez. (preciso lê-lo na íntegra) e de prazerosas crônicas de Lya Luft.
Não tenho dúvidas que o texto é transparente o suficiente no sentido que todos possam perceber e sentir meus sintomas de felicidade, como sugere Guimarães Rosa, “felicidade se acha é em horinhas de descuido”, mesmo considerando que embora nem sempre é possível alcançar todos os nossos desejos, alguns até simples mais que tive que deixá-los para logo mais (eu espero), num feriado prolongado quem sabe... e que venham novas férias, viagens e descobertas...
(Hodie)

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