PARA NÃO ME PERDER NO DISCURSO DO OUTRO, DO PRÓXIMO, TENTO ENCONTRAR O MEU.

sexta-feira, 27 de fevereiro de 2009

Carnaval

Carnaval de recolhimento, pensamento itinerante, reflexão e poesia... isso me lembra uma folia diferente, uma folia que quem exibe beleza e irreverência na avenida é o poder da imaginação porque consegue trazer para perto quem nesse instante está longe, alguém que habita na lembrança, no carinho, no respeito e na admiração... as cores vibrantes do carnaval estiveram radiantes no fomento do novo, na esperança, na expectativa, no (re)encontro... um enredo de descoberta, um samba de sabores, uma bateria harmônica, que sinaliza repouso, paz, tranqüilidade... uma ala que anuncia um novo tempo, configurada no ensaio diário numa dinâmica alegoria de sonhos e desejos... carnaval leve, simples, movido pela crença do cheiro, do faro assertivo, do odor que vibra, contagia... as batidas por vezes confusas e indefinidas, denotam tempo, paciência, porém talvez seja melhor seguir o coro equilibrado, porque este conota anunciação, leveza, permissão, ajuste, redescoberta...(HODIE)

domingo, 15 de fevereiro de 2009

Na Praia


Depois de mais uma semana de trabalho, domado pelo cansaço, resolvera sair de casa e buscar um ambiente que pudesse saciar, senão realimentar a esperança que sempre estivera presente e solidária em suas atitudes marcadas pelo desejo. Encontrara no mar, refúgio reflexivo, observara atentamente os movimentos das ondas e ficara pensando por alguns instantes na representação da força torrencial de suas águas no percurso infinito de ir e vir... o mar sempre fora motivo de inspiração, nele sempre conseguira as melhores sensações de paz e energia. O sol forte, os movimentos humanos, a areia, as conchas, o vendedor, os praticantes de esporte, a criançada de sorriso leve e solto, enfim, toda a presença de um cenário diverso em que pudera visualizar vidas marcadas por suas individualidades e porque não, buscando ali, no mar, um sentido ou direção...


O mar - ah o mar!!!...que sempre tivera a representação coerente de fortaleza, mistério, desconhecido e recomposição. Divagando na introspecção de suas idéias, navegara durante alguns instantes nos posicionamentos que tivera diante de inúmeras situações que nos últimos dias vivenciara. Pensara no silêncio, nas regras, nos condicionamentos, nas imposições, nos padrões estabelecidos e principalmente no exercício de tolerância exigido na maioria de suas atitudes. Sempre fora desafio calar, conter palavras, suprimir desabafos, considerando que o discurso e o grito sempre foram características dominantes...


Olhara mais uma vez o mar com tamanha fixação e desejara por alguns instantes abolir, senão burlar as regras, mesmo consciente que elas são necessárias para estabelecer relações harmônicas e por conseqüência: hipócritas! Quisera ser o mar, quisera se revestir de sua grandiosidade, da sua potencialidade, da força que tem sua fúria, da sua beleza por vezes traiçoeira... quisera fortalecer sua esperança, quisera entender melhor a dimensão humana, suas relações, anseios e conflitos, quisera na verdade compreender melhor o destino... (HODIE)

quinta-feira, 12 de fevereiro de 2009

A gente nunca sabe o que nos espera...

Algumas narrativas, pensamentos, traduções, trechos fictícios que embelezam os discursos de poetas, das tramas de folhetim, são sempre balizadas pelas leituras dos fatos que conduzem a vida. Alguns projetos conseguem fazer tanto sucesso, que a vida real se confunde com a ficção. É o que acontece com o mundo mágico do cinema, do teatro, das novelas e minisséries que conseguem envolver a todos de uma maneira muito peculiar. Apaixonado pelo gênero dramático, considerando que este instiga a reflexão, me vejo mais uma vez dentre tantas outras, deixando a platéia do cinema, passando pelo corredor escuro que dá acesso a saída, carregando instantes de silêncio e introspecção quando tanto falo e considero o discurso um grande aliado no processo de resolução e/ou entendimento das situações vitais. É uma espécie de silêncio em conversação. Um pano de fundo, subjetivo, que aguça o imaginário, numa sugerência de repensar e de agir com a própria vida. Nas telas do cinema, com trezes indicações ao Oscar 2009, está o grande sucesso, The Curious Case of Benjamin Button, filme com direção de David Fincher, baseado no conto de F. Scott Fitzgerald, cuja abordagem reside num processo de rejuvenescimento do personagem Button, vivido por Brad Pitt e de um amor que foi necessário esperar pelo tempo, para que ele fosse possivelmente vivido, me refiro a Daisy (Cate Blanchett). A frase “we never know what awaits us” - nós nunca sabemos o que nos espera, citada três ou quatro vezes no decorrer do filme despertou em mim, a necessidade de escrever algo. A incerteza do amanhã, as dúvidas de outrora, o fascínio do mistério curiosamente são os elementos que dão sentido as nossas vidas. Seria possível realmente esperar pelo tempo para que a comunhão do amor acontecesse em plenitude? Existem receitas prontas para manter intacto o encanto do encontro e da paixão? Não seria soberbo apostar no desconhecido? Todas essas questões cuja resposta reside na nossa atitude diária, reforça a idéia de que o obscuro, enigmático são cenas excitantes que conduzem a intriga. É como se o inesperado, que na verdade é o próprio esperado revestido pelo nosso desejo, impresso pelo dinamismo e movimento da vida nos fosse congruente, e assim por sua vez, sólido! Machado nos diria que “Não se luta contra o destino; o melhor é deixar que nos pegue pelos cabelos e nos arraste até onde queira alçar-nos ou despenhar-nos. Diferentemente de Shakespeare que afirmava: “O destino é o que baralha as cartas, mas nós somos os que jogamos”. Considerando que ambos os pensamentos se encontram na dimensão de propósito, rumo, fatalidade, sina ou sorte, cabe-nos viver com intensidade o hoje e deixar-se mover sempre pela esperança, depositando confiança de que há algo de muito especial reservado no desconhecido que ainda nos espera. (Hodie)

sábado, 7 de fevereiro de 2009

Para o resto de nossas vidas...

Existem coisas pequenas e grandes, coisas que levaremos para o resto de nossas vidas… Talvez sejam poucas, quem sabe sejam muitas, depende de cada um, depende da vida que cada um de nós levou…Levaremos lembranças, coisas que sempre serão inesquecíveis para nós, coisas que nos marcarão, que mexerão com a nossa existência em algum instante.


Provavelmente iremos pela a vida a fora colecionando essas coisas, colocando em ordem de grandeza cada detalhe que nos foi importante, cada momento que interferiu nos nossos dias, que deixou marcas, cada instante que foi cravado no nosso peito como uma tatuagem.


Marcas, isso… Serão marcas… Umas mais profundas, outras superficiais porém com algum significado também. Serão detalhes que guardaremos dentro de nós e que se contarmos para terceiros talvez não tenha a menor importância pois só nós saberemos o quanto foi incrível vivê-los.


Poderá ser uma música, quem sabe um livro, talvez uma poesia, uma carta, um e-mail, uma viagem, uma frase que alguém tenha nos dito num momento certo…


Poderá ser um raiar de sol, um buquê de flores que se recebeu, um cartão de natal, uma palavra amiga num momento preciso…


Talvez venha a ser um sentimento que foi abandonado, uma decepção, a perda de alguém querido, um certo encontro casual, um desencontro proposital…


Quem sabe uma amizade incomparável, um sonho que foi alcançado após muita luta, um que deixou de existir por puro fracasso…


Pode ser simplesmente um instante, um olhar, um sorriso, um perfume, um beijo…


Para o resto de nossas vidas levaremos pessoas guardadas dentro de nós…


Umas porque nos dedicaram um carinho enorme, outras porque foram o objeto do nosso amor, ainda outras por terem nos magoado profundamente, quem sabe haverão algumas que deixarão marcas profundas por terem sido tão rápidas em nossas vidas e terem conseguido ainda assim plantar dentro de nós tanta coisa boa…


Lá na frente é que poderemos realmente saber a qualidade de vida que tivemos, a quantidade de marcas que conseguimos carregar conosco e a riqueza que cada uma delas guardou dentro de si…


Bem lá na frente é que poderemos avaliar do que exatamente foi feita a nossa vida, se de amor ou de rancor, se de alegrias ou tristezas, se de vitórias ou derrotas, se de ilusões ou realidades…


Pense sempre que hoje é só o começo de tudo, que se houver algo errado ainda está em tempo de ser mudado e que o resto de nossas vidas de certa forma ainda está em nossas mãos…


Silvana Duboc