PARA NÃO ME PERDER NO DISCURSO DO OUTRO, DO PRÓXIMO, TENTO ENCONTRAR O MEU.

quinta-feira, 28 de abril de 2011

O tempo do amor...

Seguir em frente nem sempre é tão simples e fácil como prega nossa vã filosofia. Quando estamos falando de amores e rupturas, ainda mais difícil o é... relutamos muito em mudar porque não queremos sair da condição de amante incondicional, por que a grosso modo amamos o amor que sentimos. Embora muitas vezes sofrido, o amor é o sentimento mais nobre e sublime, mesmo que para o outro, o amor se configure como uma mera representação, para nós, ele tem a carga da grandiosidade, da fortaleza e da alegria que pulsa em nossos corações. Amar não é mérito de todos.

Quantas vezes forçamos nosso coração a amar quando ele não está nem um pouco afim e nem um pouco preparado? Ai chega um momento, um dia comum e normal, que o amor aparece simplesmente do nada e vem com a força arrebatadora.. .nos faz perder o sono, nos tira do prume, nos faz sofrer. Faz com que vivamos um mix de experiências tão boas e ao mesmo tempo tão doloridas, contradições que ao final nos deixam totalmente perdidos, isso mesmo, perdidos feito um pássaro ferido nos braços de quem de nós foi capaz de conquistar tão grande amor. E é a beleza desse amor que nos torna resistentes em dizer Adeus, em fechar a porta e encerrar o ciclo. Mas tudo tem um basta, viver assim é viver a sombra de uma expectativa frustrada, é esperar pelo barco que não chega quando de malas prontas estamos preparados para uma viagem que só existe na nossa imaginação. E pensando dessa maneira, você lamentavelmente decide por um ponto final nessa história que se dependesse de você, jamais teria um fim.

Assim, o tempo passa, você vive outras histórias, empurra outras garganta a baixo e vai levando a vida.... sabendo que aquele amor que outrora te tirou a razão já não mais visitará seu coração. O tempo muda sua forma de amar, sua forma de agir e a relação mal resolvida finalmente ficou para trás. O pior de tudo é que uma vez o cristal quebrado, ou seja, o amor ferido, magoado, ele padece. Em um belo dia, sem muito esperar, quando este já não rouba mais seus sagrados pensamentos, o amado, agora na condição de ex-amado chega como se o tempo nunca tivesse passado e fala as coisas que você sempre sonhou escutar e disposto a fazer tudo que você sempre quis, porém nenhuma palavra dessas terá para você sentido algum, pois serão palavras prescritas, ditas fora de tempo, não causam impacto, efeito ou valor e você simplesmente responderá:

- Que pena tudo isso tardiamente esteja sendo dito... sabe todo aquele amor que eu lutei para não morrer, hoje já não existe mais, cessou... Eu fiz o possível, dei tudo de mim, caramba! E você... Por que só agora? (Hodie e Pulcra)

segunda-feira, 4 de abril de 2011

Eu só sei amar assim...

Eu sempre mantive uma relação muita estreita com as palavras. Nelas, sempre busquei um refúgio, a partilha de uma felicidade, a conquista de um momento, uma lágrima reprimida, um choro inquieto, uma dúvida. Há tempos, já não escrevo, já não busco metáforas para amenizar uma dor, um sofrimento, ou simplesmente navegar pelas emoções da última noite, do último encontro de amor, do sexo fugaz e da busca constante de uma evolução/maturação cobrada de mim mesmo. Pergunto-me: Quem hoje sou? Talvez a salada diária saboreada pela presença de alguém que chegou e me envolveu completamente, sinais de um questionamento ainda sem resposta e por sua vez provocador de dúvidas e ansiedades. Sempre prezei meu jeito centrado, determinado e decidido, mas confesso que em tuas mãos ou movido por um turbilhão de sentimentos ainda sem definições concretas, me perco completamente num propósito de acolhida, cheiro e tesão. Tu roubas meus pensamentos diários, meu sono da madrugada, lançando-me num jogo de incerteza e inconstâncias que embora provoque medo, frustração e dor me envolvem de maneira única, onde cada gesto que denota sedução e envolvimento carrega uma capacidade incrível de me refazer diante de ti, onde o fogo que clama de paixão dentro do meu ser encontra morada e se funde no teu corpo todas as vezes que comungamos o prazer, confessamos em palavras os sentimentos que flamam em nossos corpos. Cada ausência parece instigar um novo encontro, cada discussão parece distanciar ainda mais um possível rompimento. Mantemos, parece-me, uma relação de desejo, controle e posse. Eu quero ser só teu, em contrapartida, troca, cumplicidade, lealdade. Com diz os versos de Zizi Posse: “Eu quero absurdos / Quero amor sem fim / Eu quero te dizer que / Eu só sei amar assim...(Hodie)