PARA NÃO ME PERDER NO DISCURSO DO OUTRO, DO PRÓXIMO, TENTO ENCONTRAR O MEU.

segunda-feira, 19 de maio de 2008

Metalinguagem

Estou tentando ter algum daqueles “insides” que, segundo o professor, surge sempre que nos colocamos a disposição de criar um texto.
Percebo que trata-se de uma tarefa complicada, minha vontade é de escrever um montão de bobagens, todavia a minha consciência não permite que eu cometa tal postura. Então penso que devo fazer como aprendi: laborar bem meu texto. Procurar fazer vir a luz, tudo aquilo que encontra-se no meu eixo paradigmático de idéias. E dessa maneira produzir algo lúdico, coerente e repleto de sintágmas construtivos. Um texto que extrapole o conhecimento e que seja gostoso de se ler.
Porém confesso, não é nada fácil! Acredito até que não estou inspirada, mas não custa nada tentar...já percebi que não vou conseguir exprimir nada do que imaginei, agora posso entender o que sentiu Bilac quando escreveu o poema Inania verba...“E a palavra pesada abafa a idéia leve”.
Entretanto, já que os lexemas não querem bailar, vou tentar ser fria e racional. Primeiro tenho que escolher um tema.
Semana passada, quando passei pela biblioteca, folheei rapidamente um jornal que trazia logo na manchete: SUPERLOTAÇÃO NA UTI DO IJF. Triagem de pacientes por expectativa de vida e por estado de gravidade. Imediatamente lembrei dos debates de Deontologia Jurídica sobre Pena de Morte e Eutanásia. E diante da Manchete pensei. Ah Meu Deus! Hoje no IJF vão praticar a Eutanásia!
A Eutanásia não é legalizada no Brasil, inclusive é crime. Segundo as Leis Brasileiras, nenhum paciente, por mais delicado que seja seu estado, poderá optar pela morte, porque é crime contra a vida. Incorre no Art. 121 do Código Penal (Homicídio – pena de 06 a 20 anos de reclusão). Embora nos hospitais públicos, os médicos escolhem, diariamente, quem vai morrer e quem vai viver.
Existem dois tipos de Eutanásia: o Homicídio Piedoso, que ocorre sem o consentimento do paciente, que encontra-se em estado vegetativo, porém com o consentimento da família. Lembrando que esse paciente é avaliado por uma junta médica, que atesta se realmente há incapacidade de cura. E o outro tipo é o Suicídio Assistido, este é autorizado pelo paciente e pela família. Ocorre quando os médicos testificam que o paciente tem uma doença incurável e que o tratamento já não responde como deveria.
Esses procedimentos já foram legalizados em alguns países como Bélgica e Holanda. No Brasil existe um Projeto de Lei tramitando na Câmara, que favorece a eutanásia, mas enquanto isso não acontece, morre gente diariamente nos hospitais por falta de atendimento apropriado. A diferença é que tudo ocorre clandestinamente e o que é pior; sem junta médica, sem consentimento do paciente e tão pouco da família.
A primeira vez que ouvi alguém defender a Eutanásia, achei um absurdo! A maioria dos assuntos da bioética são realmente polêmicos. Conclui como uma violação ao direito à vida. Mas depois percebi que em proporções bem maiores esse direito há muito, não é respeitado por aqui. Será que ninguém percebe a hipocrisia que há por trás da bela Legislação? No papel, tudo é etéreo, entretanto na prática o que podemos constatar são bebês morrendo prematuramente, por falta de UTI´s Neo-Natal; mendigos sendo assassinados porque enfeiam as cidades; idosos morrendo por falta de condições financeiras para comprar medicamentos; jovens caminhando precocemente para a morte, fadados ao mundo das drogas, da prostituição e do crime. Será que não estamos sendo um tanto contraditórios ao declarar em nossa Legislação que preconizamos o DIREITO À VIDA?
Como podemos nos posicionar contra a Eutanásia e ao mesmo tempo permitir incólumes toda essa violação decorrente dos problemas sociais? Seria, numa comparação esdrúxula, o mesmo que dizer: não como carne suína, todavia não dispenso um suculento bacon. Puro eufemismo!
Talvez tenha sido por essa razão que não consegui escrever nada assim tão belo, só consternar a minha revolta. È muito difícil ser bucólica, romântica ou parnasiana diante de tantas adversidades. Como perseguir a Rima e a Forma se nesse País quase tudo foge a Métrica? (Consuus)

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