PARA NÃO ME PERDER NO DISCURSO DO OUTRO, DO PRÓXIMO, TENTO ENCONTRAR O MEU.

terça-feira, 30 de setembro de 2008

Navegar

Milan Kundera dizia sabiamente que "não existe meio de verificar qual é a boa decisão, pois não existe termo de comparação. Tudo é vivido pela primeira vez e sem preparação. Como se um ator entrasse em cena sem nunca ter ensaiado. Mas o que pode valer a vida, se o primeiro ensaio da vida já é a própria vida?" E é dessa forma, sem direito a ensaios que vamos construindo nossos sonhos, realizando nossos desejos, respeitando nossas vontades. O amanhã sempre será um mistério desvendável e é nessa perspectiva que se vive o hoje, somente assim poderemos superar o medo que é extremamente compreendido considerando nossa dimensão humana. Ter medo nem sempre é sinônimo de fraqueza, muitas vezes são resultados de experiências oriundas, que fadaram ao fracasso e que teimam, insistem em sinalizar o pára, o fim... certamente quando essas questões permeiam a nossa mente é porque ela já está domada por sentimentos impossíveis de precisar... o medo aí, começa desempenhar um mero papel figurante, visto que amar, perder-se para encontrar-se é a personagem central dessa trama, cujo único foco é a esperança de lançar a flecha certeira no alvo. A esperança sim, é a personagem coadjuvante que exerce primordialmente o exercício da fortaleza, da crença e da lealdade. Ela se reveste quando assumo o compromisso da permissão. Ela direciona caminhos e atitudes... ensaiar a vida é impossível, simular talvez uma alternativa, porém, prefiro intensamente vivê-la, vulnerável mais uma vez, sem jamais trair meu caráter. Vejo-me pensando no embarque, o navio está logo ali e nós estamos no cais, comungando medos e incertezas, dentro de alguns instantes o navio vai partir em alto mar, que parametriza desconhecido e descoberta, abismo e imensidade... eu quero navegar nesse mar, conhecer sua força, sentir sua fúria, mergulhar na tua beleza, tornar-se cúmplice, extrair o que há de bom, de puro... quero a aliança para enfrentar a deriva, quero teu amor para sentir, para me reconhecer... (HODIE)

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