PARA NÃO ME PERDER NO DISCURSO DO OUTRO, DO PRÓXIMO, TENTO ENCONTRAR O MEU.

quarta-feira, 10 de setembro de 2008

Indiferença

Simplesmente tomado por lembranças ou saudades, ora submersos nos sentimentos, as palavras vem a cume como uma espécie de mágica... elas fluem naturalmente assim como deveriam ser os encontros e as partidas. Escrever ou meramente traduzir em palavras o que carregamos cá dentro é acima de tudo um exercício de externalizar quem somos e/ou queremos ser. Talvez assim como o treino objetiva preparar o atleta para o jogo, a linguagem seja o mecanismo de auto conhecimento ou um método de compreender através do discurso o pouco que somos, o processo de maturação que passamos e o desvendar de mistérios que se descobre em cada ato, cada nova conquista e assim sendo, a justificativa para com aqueles que conseguem deixar em maior evidência o talento de lidar com a arte da palavra. Há momentos que mesmo sem inspiração e é nesse estado que me encontro agora que surge o desejo de escancarar, denunciar, clamar, gritar, sabe-se lá exatamente o que, sabe-se porém de uma estranha sensação de inquietude... inquietar-se por vezes é extremamente necessário, desassossegar é ao mesmo tempo sinônimo de incomodar, como sugere Lya Luft, é preciso agarrar o touro pelos chifres e mergulhar de cabeça para sentir ou livrar, ou melhor, sentir-se e livrar-se... viver intensamente cada instante talvez não seja a melhor alternativa, mas certamente também inquietar-se diante de algo pela falta de retorno ou iniciativa é agonizante, é a velha faca de dois cumes... a literatura desempenha aqui seu papel de companheirismo, de lealdade, que nesse jogo onde não há cartas marcadas se funde a transparência da minha verdade, verdade ímpar dos meus sentimentos, expelidos através dos meus poros... o meu corpo que é racional não consegue compreender o conceito de encontro e partida atrelado a similaridade de afeto e desafeto, amor e indiferença... a minha alma que habita essa matéria é que está inquieta, tentando compreender por vezes o incompreensível... é dificil deixar-se conduzir pela interpretação diante do enigma da indiferença... Porque agir assim? Porque não deixar evidente razões para que haja a minha compreensão? Ou será que está tudo tão claro e pela minha eterna teimosia, ancorada por toda a magia do encontro, tudo é tão escuro? É... talvez eu tenha a necessidade de compreender melhor as partidas... resta-me por enquanto o grito, a palavra... (HODIE)

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